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segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Frohes altes Jahr

As voltas na roda gigante, passeios noturnos pelo Sena e a particular solidão em meio a multidão de turistas ficou para trás. Estava de volta, a caminho do frio que insistia em não deixar o ar da casa aquecida. Mas como nem tudo é simples, e as situações se desenham de forma a te deixar cada vez mais encrencada, acabou a bateria do meu celular, eram 23h, nevava e eu não sabia o número de casa. Eu estava ferrada.

Por sorte, existem romenos bondosos no mundo. Esse povo cigano sabe o que é passar por situações “difíceis” e, felizmente, tem celulares. Liga pra amiga, pega o telefone da sua casa, pensa dez vezes nas malditas frases que você vai dizer em alemão pra alguém que estava dormindo até você ligar enchendo o saco, e pede carona.

E, então, eu agradeci os amigos (benditos sejam os romenos), e fiquei lá, sozinha, debaixo de neve esperando a carona. Mas, duro mesmo foi entrar no carro e não ter o que dizer, ou, não querer. Dizer. Voltar.

Bom, chegamos ao ponto, enfim. O fim. O importante é que no dia seguinte seria véspera de ano novo, 2006. Eu estava bem animada, não é sempre que se tem a oportunidade de vivenciar um autêntico reveillon alemão, eu tinha escolhido passar com eles, que ficaram bem felizes com o meu interesse. A festa seria na casa de amigos, que eu, particularmente, gostava bastante, um casal simpático com um filho de sete anos que me achava a rainha do futebol. Não se enganem, era só por eu ser brasileira e conseguir chutar a bola em linha reta.

Ninguém usava branco, é, eles não são muito supersticiosos. Durante a semana, também não vi programas de culinária oferecendo mil receitas de lentilha, sugestão de cores e seus significados para a virada, muito menos pais de santo jogando orixá (?) e prevendo o futuro das celebridades. Na ceia tínhamos frutos do mar. É, na salada, no prato principal, nos petiscos, a variação era o molho. Eu não reclamei, adoro comida em geral. Mas, enquanto brasileiros comem coisas quentes e gordurosas aos 30 graus na praia, estavam lá eles, comendo peixinhos enquanto nevava. Bacana, sabe.

Bom, eu, como sempre, comi, conversei, e brinquei de lego com as crianças. E, nem como sempre, fiz caipirinhas e embebedei todo mundo! Nas exatas doze badaladas é assim que funciona: vai todo mundo pra porta de casa (do lado de fora, minha gente), estoura champagne e brinda com os vizinhos. É, exatamente, com os vizinhos. Uma coisa meio paz mundial, confraternização com os membros da rua, saca?

Então entramos de volta na casa, porque nem rola ficar passando frio de roupa bonita embaixo de neve (como podem perceber eu não consegui estabelecer uma relação amistosa com a neve, nunca). Mais uma horinha brincando de lego, as crianças começam a ficar chatas e fazer birras. Hora de voltar para casa e dormir.

No meu quarto, sozinha, em meio a lembranças, planos e expectativas, tive saudades, fiquei feliz pelas minhas realizações e sonhei com o passar do ano novo. A casa dormia, e em alguns meses dormiria em casa. Mas nesse momento, só pensava na viagem a Berlim do dia seguinte, e nos tantos benefícios que essa sofrida estadia me proporcionava: viagens, lego e peixes. O que mais eu poderia querer?

4 comentários:

Milla disse...

Nossa, confraternização com os vizinhos por escolha própria. Que interessante isso.

Ah claro "viagens, lego e peixes" até parece que foi só isso né?

E vc tem tanta sorte com a neve que até é chamada de Branca vai?

Ótimo o texto e dá para imaginar vc toda bem vestida na neve que engraçado.

Beijo =)

Anônimo disse...

Encrencada. Soou muito bom quando li essa palavra. =D

O seu 'especial' de Ano Novo, é o único que vale a pena.

=D

Toad - Matheus H. disse...

ahaahaha o comment da Milla foi engraçado,
O que mais vc poderia querer? Respondo de bate pronto, como um bom jogador de futebol brasileiros.
Vc poderia querer amigos legais que compartilhariam de tudo isso com vc, que são pequeneninhos como a Milla eu Eu (só um exemplo tá) e que caberiam na sua bolsa, podendo assim vc levar pra essas aventuras fantásticas.
Não se esqueça, próxima vez, procure os hobbits que te farão rir, e em português!! Tá...talvez um pouco de alemão, pq sempre é bom aprender uma nova lingua!!!
ADORO SEUS TEXTOS!!
Beijos Taritá!
Toad

Lígia Ruy disse...

Lindo. Historinhas são sempre lindas.

beijos querida