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segunda-feira, 15 de outubro de 2007



E não é que olhar pra trás e ver que a distância já andada é motivo de comemoração? E esteve mais próximo do que imaginávamos.

10ª edição. 10 passos de Susi. 10 motivos para comemorarmos e sentirmos orgulho disso aqui. Pode parecer besteira, mas somos pais. E a cada passo dado ficamos felizes. Porque isso não é apenas um Zine. É a constastação de que uma amizade se estende muito mais que apenas 4 horas diárias (ou mais). E entre um café aqui e um chazinho ali, as risadas vem junto com planos de seguirmos a carreira e colecionarmos as "viagens".

Mais alguns planos. Mais alguns dias e a gente volta.

Àqueles que comentam, deixamos aqui, o nosso muitobrigado!
=]

bej-jutchau!

I heard love is blind

A sua voz ainda ecoa. Os nossos sentimentos ainda enchem a sala de lembranças. A minha preocupação ainda te persegue por todas suas loucuras.

Os dias começam iguais quando a impossibilidade descansa no batente da porta. Ouço aquelas músicas ruins e escondo elas no marcador do msn, escondo elas de mim, essas músicas que te colocam ao meu lado. Sentado nas escadas daquele hotel. As lembranças são ingratas com o meu presente. Tudo que deixei de fazer naqueles dias. Todos os meus dias. Você anda por todos os meus dias como um fantasma. Passado e futuro se cruzam na sala. Eu fico sentada na frente do computador vendo a vida passar. Minha cabeça dói, meu corpo dói, as minhas mãos não alcançam o meu cérebro e fica humanamente impossível colocar no lugar as coisas que você trocou lá dentro.

Queimo vida na praça roosevelt. Perto da igreja cheia de fé dos outros. A feira, as pessoas, a bagunça e tudo esquecido longe de você. Preencho minhas tardes de sono. Desligo os meus botões, largo Eles na mesa, recolho os cacos do copo que derrubei sem querer. Tudo acumula nessa mesinha, copos e vida acumulam. Depois de você, apareceram alguns outros. Todos eles acomodados demais para me parar. Fracos demais para me segurar. Chatos demais para me deixar em silêncio. Só você respeitava os meus defeitos. Só você sorria quando eu interrogava certezas. Eles me escutavam e tem horas que não se pode me escutar.

Enlouqueço aos poucos segurando as paredes do meu quarto com as minhas costas. Molho as pontas dos meus joelhos de lágrimas silenciosas. Todo meu passado perdido ou pregado em algumas letras que eu queimei ontem. Eu queimei um pedaço de papel carregado de vida. Eu queimei uma pessoa. Eu queimei e a joguei pro outro lado do tabuleiro. Nem foi você. Mas, hoje eu descobri coisas que me causam uma dose de arrependimento. Não sei se é arrependimento ou medo do desapego. Sem mais jorros de verdade eu fico perdida. Sem mais essas coisas, só lido com meus mortos e eles falam pouco, a fonte é esgotável. E a minha vida parece ir crescendo a cada respirar.

Meus medos todos correndo pela praça e eu atrás de um isqueiro. Eu, uma folha sulfite manchada e arrancada, alguns luckies na bolsa. Tudo mentira, a minha verdade. Na vida tudo termina no ímpar, alguém sempre fica de fora e esse alguém dessa vez foi eu. Eu e aquele que não conta. Aquela coisa sem forma a que chamamos assim sem cuidado de: saudades.

Epílogo

Porque depois que você se foi, só restou o frio. Que adentrou o corpo e apunhalava o coração. Mas passada a febre de êxtase que você me causava, tudo se tornou mais claro. Já não era tão difícil aceitar o fato de que não deveríamos ser, um. Mesmo assim, eu passava noites mal dormidas pensando em você. Em todas as vezes que nos víamos na cama, naquele momento único de olhos nos olhos, eu relembrava e revivia cada toque seu, como se pudesse sentir o mesmo prazer que já me trouxeram um dia. Mas a claridade chegava e, novamente, era só eu. E você não aparecia, e eu preferia desse jeito. Pois já não sabia como te olhar, como te encarar e não lembrar de seus toques. E não me lembrar de tudo o que tínhamos vivido, e que agora nada mais existia. Era ela quem tinha suas mãos. O coração, nunca. Ele sempre será meu, e preencherá o vazio que você deixou ao me deixar. Por ela, e outras. Talvez mais importantes, menos racionais.

Meus planos nunca foram baseados em você. Cedo ou tarde seu espírito selvagem fugiria de mim. Não criei expectativas, e mesmo assim, me feri. Pois dentro do peito não há leis e avisos e, por mais que eu tentasse lutar, aquele sentimento foi se espalhando em minhas veias, tomando conta do corpo, pensamentos e coração. Eu ainda tinha controle sobre minha alma, e a forçava a acreditar que era só minha, que você não a dividiria comigo, não teve nem a teria, pois nunca foram gêmeas.


E assim fui vivendo de mentiras, esperando os dias acabarem, pois dessa maneira te encontraria em meus sonhos. No meu paraíso tudo era do jeito que eu queria: no jardim entre as flores, as estrelas piscavam, eu e você, nossas mãos dadas... você ainda me amava.

Sadismo folião

Olhe ao lado e veja se a tortura que jaz ali dói em mais alguém. A cinco metros de mim o descaso derramou lágrimas e aqui nem fez cócegas. Mentira. Tanto fez que eu ri em demasia, sem vestígios de remorso.

Aquelas pontadas de compaixão me abandonaram hoje permitindo que ressaltasse um pouco da lucidez omissa. Gargalhar do desespero vizinho realmente me pareceu mais sensato do que tentar ser compreensiva, caso não fosse sincero. Ressentimento vingativo e ácido, contudo, decorrente de motivos que não atingiam a mim. Além de tudo eu poderia mencionar a intromissão de quem se deixa atingir pelas tangentes.

Entendi as razões, me coloquei na situação sofrida do martirizado e constatei que estaria tão perdida quanto ele; não me sensibilizei e ri ainda mais. Monstruosa com convicção, percebi que gostava de estar tão livre para abominar e decidi por à prova o meu sangue frio. Cutucar a ferida parecia bom enquanto eu não sentia, pois a aparência do sangue cintilava tanto quanto meu prazer em provocar a hemorragia. Foi reconfortante lembrar que tal insensibilidade não se aplica a tudo - sendo, na verdade, muito específica para esse episódio - de forma que eu me senti obrigada a levar aquilo adiante e não desperdiçar a oportunidade.

O som da risada aos poucos era abafado por uma fumaça densa que se propagava ao meu redor quando saía da minha boca junto a labaredas de fogo. Eu estava circundada pelas chamas de satisfação que havia exalado sem me dar conta, assim como ninguém mais parecia perceber as cinzas que substituíam a mobília do ambiente. O descaso já não era só meu, mas aparentemente era a única a tirar proveito dele.

O horror e a aversão que usualmente eu teria à minha atitude, agora complementavam o divertimento: eu já estava dançando em cima da mesa, delirando com os murmúrios de tristeza. O fogo ao redor era a muralha que me impedia de ser vista, mas o que eu queria era contagiar todos com a minha alegria ainda que ela estivesse enraizada em amargura.

Seria hipocrisia se me dissessem que estava errada. Ao menos ali, eu detinha a razão e agora fazia uso dela para que os demais aproveitassem. E isso, sim, soava sensato... eu tinha certeza naquele momento.Logo propunha um ritual, no qual avulsos se uniriam em favor da deterioração do bem estar de alguém.

Festança sádica dos vingativos reprimidos, mera insanidade que atordoa e delicia.

Desmembrando o que sobrou

Não fosse tudo o que agora me rodeia - vulgo obrigações, reponsabilidades e pendências indiscretas de um quarto zoneado - eu diria que dizer as coisas seria tão mais eloqüente quanto sugar os restos do milk shake caseiro que fez dessa manhã um pouco menos frustrante.

Quando eu me vi aqui, tão desolado por todos esses monstros que cedo ou tarde chegam sem a menor preocupação, eu juro que pensei em tantas coisas que foram suficientes para o nó na minha cabeça, e a confusão, serem maiores que o tamanho da minha unha recém cortada.

Ah, se soubesse há quanto tempo essa mão não faz um traço, com certeza (por me conhecer), diria que a loucura enfim me alcançou.
Não que o trabalho tenha me feito mal, mas as horas têm vida mais curta agora que as costas têm peso e dor latente. Por ser insensato, culpo os movimentos repetitivos.

Mas por querer imitar minhas novas horas, serei tão curto quanto sua verdade. A felicidade alcançou quando nossa menina fez uma dezena, e a semana trouxe mais novidades felizes que qualquer jornal colecionaria em um mês. O nó que dei no botão da mochila não seria por outro motivo se não a superstição. É, às vezes acontece. Como a mania de vestir cuecas específicas para o desejo do andar no dia.

Esquisitices a parte, só temo em falar pela incerteza. E se é pra deixar tudo assim: tão indeciso e implícito, peço perdão e me retiro. Guardo os sorrios para os encontros fortuitos e as noites, que agora, são as melhores por ter a mais aconchegante e perfeita companhia.

No mais, desça essas ruas porque é no fim delas que reservo o seu abraço. E explico tudo sem esquecer nenhum detalhe. Estarei em algum sonho, pisando sobre o futuro e, finalmente, desenhando o que o coração hoje grita. Prometo. E me desculpo pelas subjeções.

Sonhos de uma soma incoerente

Hoje quando acordei não fui trabalhar. Dois furos em duas veias diferentes do mesmo braço e ainda assim não me sentia bem.

Tenho sonhos que não me deixam dormir. Já vi Hitler ser médico, apresentador de TV sem calças com as pernas tatuadas. Escutei um pernilongo me dizer não tinha escapatória e minha mãe não se importou que uma prima me enterrasse viva de novo.

Mais bizarro que isso é ter um emprego medíocre que não acrescenta nada, que exige um dress code ridículo e que não paga nem minha faculdade.

Meus pais e algumas pessoas que me ajudam vêm se mostrando verdadeiros mestres do surrealismo, meus Salvadores Dali.

Especificamente hoje eu queria que tudo parasse, porque algumas pessoas e situações me causam preguiça e parece que eu estou entorpecida e até os meus sonhos parecem fazer mais sentido do as coisas que acontecem ao meu redor.

Tenho a sensação que um passo a frente nem sempre significa avanço e que progredir em algo não quer dizer que eu vá conseguir o que realmente quero.

Já consegui muito, mas parece que nunca é o suficiente, uma eterna insatisfeita quem sabe, nunca estou verdadeiramente feliz comigo e com minhas decisões, mas quem será que está?

Só por um dia eu não queria os meus pensamentos, não queria o meu pessimismo e nem o dois e o seis.

Quero aprender a ler de novo e achar o gibi a melhor invenção do mundo.

Ser nina de novo e esquecer o que me tornei. Parar no espelho e reconhecer a imagem como minha e talvez sentir orgulho do que ainda posso ser.

Queria somar dois com seis e ser oito feliz ou não.