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segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Dust in my soul

Está chovendo e a coisa mais clichê que se pode dizer da chuva é que ela lava a alma. Ela não faz isso. Na verdade acho que minha alma nunca precisou ser lavada. Só preciso tirar a poeira às vezes, quando esqueço quem sou, me perco e zanzo por pessoas que não sou eu.

Nunca sou alguém muito diferente de mim mesma, são derivações, daqueles que me identifico com a melancolia e com a alegria. Melancólica que sou, acabo descobrindo mais cedo que a alegria não me pertence, não como nas pessoas tão sorridentes que eu desconfio que estejam em um filme e que já tentei interpretar.

Meus sentimentos não têm padrão nem receita, não fico feliz quando obrigatoriamente deveria estar e nem triste quando tenho tudo para isso. É uma convivência contraditória entre o que acontece, o modo que deveria me sentir e a forma como realmente sinto.

Tenho ataque de risos, e lembro que minha mãe me diz "Quem muito ri, acaba chorando" e choro, ainda que por conta das gargalhadas, mas depois essa sensação vai embora, o que resta é a vontade do choro pela ausência de algo que me faça rir dessa forma, me sentir assim sempre.

Alegria e felicidade são drogas perigosas. Elas se apresentam, se mostram com todo seu vigor, são bonitas e sempre cheia de dentes e depois somem, vão embora. É uma substância narcótica tão poderosa que as pessoas passam suas vidas em busca dela. Farejando como os cães e desesperados como adictos em crise de abstinência.

Eu não quero mais, obrigada. Não quero essa canastrona que nem sempre encontro e que me cansa. Minha vida é em busca de quem eu sou e não dessa falsária alucinógena.

4 comentários:

Toad - Matheus H. disse...

"Alegria e felicidade são drogas perigosas."

Pois me dope!! Porque eu sei que o efeito passa mas sei que posso usar mais doses. Sei que só vou me prejudicar se parar de usar essa droga.
Sei que não vou poder usar essa droga o tempo todo, pois a minha vida chata precisa de seriedade. Mas por opçao, eu prefiro ser feliz a ser triste.
Tudo se resume a isso!

Yuri Kiddo disse...

Toda essa obrigação de ser feliz me irrita. Não sei quem é mais desesperado, eu (se me permite, nós) ou eles.




Na verdade, dentro da minha razão eu sei sim, só não vou contar. I dont kiss and tell.

Odair disse...

Feliz, triste, melancólico ou rindo que nem bobo...que seja! Que os sentimentos venham. E na hora que quiserem!
A maior felicidade é não seguir regras, estereótipos, padrões de comportamento. E a maior tristeza é não chorar quando tem vontade.
Sentimentos livres, é isso!

Ogami disse...

Adorei o desfecho de "falsária alucinógena".
Muito muito muito bem menina Camilla, vejo seus textos na última página da Ilustrada daqui a alguns anos okay?

Lembre-se de me mandar um cópia assim que ela sair das máquinas.

Um abraço para o camarada Toad.