Para chegar até aqui já passei por muito. Quem não tem a pretensão de ser médico, veterinário ou dentista, desde criança, sempre passa por muito. Tudo começou quando eu tinha cinco anos. Eu fazia balé, e até gostava. Um dia minha mãe me deixou na porta da escola. Eu toquei a campainha, bati na porta, e nada. Sentei na calçada e esperei por uma hora e meia. Quando chegou para me pegar, minha mãe lembrou que a escola havia ligado dizendo que tinham mudado de lugar. Tarde demais, meu primeiro sonho frustrado. Parei de fazer balé. Eu não seria bailarina.
Lá pelos meus sete anos, estava na primeira série, e era dia das profissões. Todos deviam ir fantasiados com trajes da sua profissão dos sonhos. Entre presidente e professoras estava eu. Botas, calça preta colante, e chapéu. Durante a apresentação, eu, muito tímida como sempre, comecei: - sou uma amazona. “Talita, explica para os seus coleguinhas o que faz uma amazona”. – pediu a professora. “Ela pula de cavalo, ué.” Simples, pessoal.
Aos 18, com o fim do ensino médio, e ainda perdida quanto a minha futura carreira, fui sorteada e ganhei uma orientação vocacional (talvez sabotagem da escola, tendo em vista minhas crises quanto à profissão). A primeira pergunta foi sobre a minha visão de futuro, e a resposta foi simples: viajar, viajar e viajar. Mas ser aeromoça sempre esteve fora dos meus planos. “Complicado.” – me disse a orientadora. Sim, sim, disto eu já sei. Ao final do processo, veio o veredicto. “A Talita será uma ótima arquiteta.” Ãhn?
Um ano de cursinho, e comecei a fazer direito. É, direito! Dessa vez eu tinha me achado. Adorava todas as aulas, menos as que envolviam o bendito do direito. Eu me via encaminhada profissionalmente. Seria juíza, aos 25 anos, um arraso.
Mas acalme-se, ainda não acabou. Não, não. Após um ano e meio de curso, a chance dos meus sonhos apareceu. Ser babá, morar com estranhos e sofrer de saudades... na Alemanha! Óbvio que estes não eram meus objetivos, mas sendo na Alemanha, larguei tudo e fui.
Morei um ano por lá. Conheci pessoas e lugares fantásticos. Aprendi a bendita língua alemã, que dizem levar uma vida para ser aprendida... pelo menos eu já comecei. Durante esse tempo todo, descansei da minha paranóia profissional. E voltei decidida: continuaria minha faculdade e seria advogada.
Voltei em julho de 2006. Em Novembro prestava vestibular para Jornalismo.
Uma pessoa com sólidas aspirações, apesar do destino insistir em meter o bedelho no meu caminho.
segunda-feira, 2 de julho de 2007
Caminhos e escolhas
Postado por De Lancret às 00:27
Marcadores: Talita Galli
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6 comentários:
"Simples pessoal". E tudo eu já te disse. Tata, é ótimo este seu jeito simples de ver as coisas. Mesmo quando você não me deixa roubar azulejos e enche o saco porque fico batendo palma no farol da paulista. Simplicidade é tudo. gostei MESMO do texto x)
Tudo tão simples.
Não pude deixar de imaginar vc com um microfone na mão, fazendo uma entrevista em cima de um cavalo...
Ótimo tudo o que escreveu!
não poderia existir um texto mais "talita de ser".
tão apertável quanto a dona.
muito bom, tata, parabéns.
"Vai sabár os caminhos que os caminhos nos levam, não é?"
Gostei.. vocês são todos muito bons, um time mto "jóia".
enfim ~takecarekeepwriting~
é de verdade isso?
aiii... como eu queria ter essa coragem de largar tudo e ser babá na alemanha *.*
baba não. nunca me dou bem com crianças!
ahahahahahaaha Dá pra VER você falando!! ahahahaha Uma coisa fantástica você já tem... o traço... o estilo Tatá!!
Seu texto é muito Tatá!!
Adorei!! hahahahahaha
Bjs!
Toad
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