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segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Tempos

E apesar do que havia dito, tudo o que restou em sua mente foi aquela frase:

- vá e me esqueça.

De que maneira o amor se transforma em aversão? O começo, o meio, tudo foi diferente. E, agora, no final. Bom, foi o fim. Da mesma maneira como deixou o quarto, chegou ao portão. Os cabelos caindo sobre o rosto manchado de lágrimas. Alí parada, resolveu sentar nas escadas, para se despedir do passado que seria obrigada a esquecer. Seu vestido vermelho escorria pelos degraus, e os pés descalços arrematavam a cena.

Foi assim que ele a encontrou. No minuto em que vira a porta fechar, arrependerá-se do já dito.

- fique.

A voz veio como pedra. A atingiu. A dor momentânea, seguida de alívio. Mas naqueles segundos, com a tristeza em seus olhos e os pés no chão, decidiu que após o erro, nada voltaria a ser como o passado. E que não valeria rejuntar os cacos para o futuro, o resultado final não a satisfaria.

Levantou, sorriu e caminhou até o portão. Adeus.

Tudo o que ele viu foi um rastro vermelho e, depois … não houve depois.

5 comentários:

Camila Dayan disse...

Os adeuses sempre são difíceis, mas em atos corajosos como esse, servem como alívio.

e que fique o rastro vermelho, sem depois.

Gosto desse tom quase ficcional, ou não. Isso quem me diz é você, rs

Beijo d'propositado

Ogami disse...

Do seu primeiro texto, aliás, do primeiro texto seu que eu li para esse houveram graandes avanços.

Parabéns menina Talita, mas pare de escrever sobre o amor e desamor que todos escrevem... use toda sua ludicidade para escrever em tom de amor.

Acho que o caminho é esse.

Um parabéns e 2 até breves...

Milla disse...

Eu adoro os seus recortes Tata.

Esse em especial achei triste e lindo.

É verdadeiro
Beijo

junior disse...

Talita!

Alguns anos e meses separam mas a verdade é que não cessam as supresas. Entrei de curioso e acabei me surpreendendo (mais uma vez) com o que li.

Parabéns a vc e a todas as "pernas" dessa jornada centopéica...
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Triste, de fato, toda despedida é. Mas o fato inegável e que deve ser irrevogável, é que não há fique depois do vá. Esse ioiô, vai-vém de distâncias próximas e abraços em que um braço envolve e o outro despede, não se trata de amor. Quem ama fica ou quem ama vai. Ah, o amor, há o amor.

Adeus com fique é apenas até mais
Até mais dor, até mais topor.
E sem medo de ser maniqueísta, nas despedidas não há meio termo. Se falou adeus, é bom que vá. E mesmo se não esquecer, não volte mais.

Pensando bem, que adianta recolher os cacos se a mesa continua bamba?

dicionarista-embaçado disse...

Lí.

A sangria imposta à moça descalça... é pra curar?