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segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Vai chover, mas não quero conversar

Sabe aquelas conversas com estranhos em ponto de ônibus, filas e afins em que muito se fala, mas nada se diz?

Eu não gosto nem um pouco e o que me incomoda é que quando eu menos espero, para não ser desagradável com algumas pessoas, eu estou falando um monte de baboseiras senso comum do tipo “Mas tudo vai melhorar sim”, “Não pode desanimar nunca” “Precisa chover mesmo, está muito abafado” e tem a sessão divina que eu acho a pior com os seus “Graças a Deus”, “Deus me livre”, “Só Deus nessa vida”, “Mas Deus sabe de todas as coisas”, “Deus é pai” caramba é tanto Deus que eu nem sei qual escolho, deve ser por isso que sou confusa com relação a isso.

E tem a minha fuga que é quando eu simplesmente escolho o modo automático e digo: “Ah com certeza”, “É verdade”, “Ahã”, “Éééé”.

Eu odeio esses papos bestas, eles me irritam. Eu li em alguma crônica do Luis Fernando Veríssimo que isso é uma característica típica do brasileiro, que mesmo não tendo nada a dizer não consegue ficar quieto.

Eu nunca tive uma conversa muito proveitosa desse gênero com ninguém, mas já tive vontade de xingar várias pessoas, como em uma vez que estava indo de ônibus para o litoral, acho que em 2002, e um senhor começou a puxar assunto e disse que São Paulo era melhor com o Maluf ! Em respeito à idade dele eu simplesmente encerrei a conversa e liguei meu walkman (sim, eu tive um walkman com toca fitas) e segui muda o resto da viagem.

São essas conversas vazias e sem significados que acabam me fazendo sentir esquisita porque eu não partilho das mesmas preocupações que essa maioria que fala pelos cotovelos, mas também eu não me importo, eu até tenho carinho pelas bizarrices que coleciono no curto espaço de vinte e cinco anos e para provar isso até vou tornar pública algumas delas.

Até os dez anos de idade eu tomava banho com um pano de chão em cima do ralo porque tinha medo de que o palhaço do filme It saísse de dentro dele para me atacar, como na cena do filme.

Ainda hoje sinto uma pequena onda de pavor quando vejo um trator se aproximando porque tenho a impressão de que ele vai me pegar com aquela coisa que parece uma grande pá e me levrar para muito longe.

Quando criança eu adorava ficar girando e ficar tonta até o dia que perdi o equilíbrio e bati a boca na parece e nunca mais girei (fracassei na tentativa de ser um pião mas já superei isso).

Acho que vou contar essas coisas paras a pessoas que puxam conversa comigo, quem sabe elas desistem de falar do calor e de Deus e me deixam em paz né?Ou então vou vencer o meu medo dos tratores e sair com um por aí e com sua grande pá eu vou pegar todos os puxadores de conversas que me entediam e colocar bem longe de mim, até que não é má idéia.

6 comentários:

Anônimo disse...

Vc tomou banho com o pano de chão no ralo até os 10 anos???Caramba!!!To boba!

É linda,realmente esse tipo de conversa e comentários inúteis cansa!Sabe o que lembrei lendo isso?Daquela mulher que entrou no multshop com o óculos na testa e vc começou a tirar sarro...kkkkk
A testa dela não enxerga bem!rsrsrs

Parabéns linda,vc com o sempre,arrasa!!!
Beijos

Ana disse...

o pior dessas conversas-relâmpago com estranhos é ter sempre que aparentar aquele otimismo latente, só pra não acabar com o dia do indivíduo, ou prolongar a droga do assunto

tenta forçar uma cara de quem tá passando mal, que ninguém se aproxima. juro.
mas contar causos estranhos também parece uma boa...

beijo

De Lancret disse...

Trator do mal, credo.

Então, quando você disse que ia escrever sobre isso sabia que daria num bom texto!

O mais engraçado é que o comentário da ana completou o texto! O pior das conversas-fiadas é o espirito otimista que elas devem ter! o.O

Gostei!

Que Deus te proteja de palhaçoes e tratores.

Beijos Milla!
=***

Yuri Kiddo disse...

acho que na verdade ninguém se importa com essas coisas. É só medo de rejeição, é uma forma fácil de iniciar uma conversa, porque do tempo todos sabemos. É o "alô" do telefone. Mew, o que significa esse maldito "alô"? de onde veio isso, afinal? Pra mim é perda de tempo.

algumas esquisitices minhas:
_atendo o telefone perguntando "quem é".
_tenho medo, pavor, raiva, de formigas. ¬¬
_nunca menti pros meus pais e avós, e quando eu era criança e n qria ir pra escola eu batia a cabeça bem forte na parede ou caía no asfalto só pra ter uma dor de cabeça ou me machucar e ter justificativa pra faltar e n precisar mentir!
_qndo criança eu era viciado em tomate e azeitona. meu lanche no recreio era tomate, é, tomate! e eu gostava tanto de azeitona q comia um potão inteiro sozinho e bebia aquela água horrível.

e por aí vai pupo... =)

ligiazm disse...

o mais engraçado dessas conversas é você prestar atenção na dos outros. como o assunto muda. como é visível que alguma das partes simplesmente não quer assunto nenhum.
no entanto, eu - quando não preciso de qualquer tipo de informação - odeio quando alguém puxa conversa!

e kct! essa da tentativa de ser um pião foi impagável ahahahahaha

Cristine Bartchewsky Lobato disse...

Ai Milla, ri muito com seu texto!

"(...)simplesmente escolho o modo automático e digo: “Ah com certeza”, “É verdade”, “Ahã”, “Éééé”."

Eu também faço isso...mas depois de tanto ouvir asneiras, resolvi atacar de louca/ mau-humorada.

Falar sobre suas peculiaridades pode até espantar, mas cuidado, porque tem um bando de gente por aí que adora dar uma de psicólogo. Aí você vai ouvir simpatias e o escambau...


Falando em bizarrices...cultivo algumas e tento semear novas todos os dias.

Mas uma maldadezinha que adoro fazer é relatar coisas absurdas que faço ou idéias a pessoas conservadoras. Tudo com a maior naturalidade, só pra ver a cara de desespero delas e aí dizer: relaxa, você se acostuma...


Sou sem-noção mesmo...

bjuzzz