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segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Love me or leave me

Tudo muito rápido. O começo. O meio. O fim. Parece que tudo foi uma coisa e não houve se quer uma divisão de tempo. Desorganização. Corpos, o meu corpo. Uma mentira, nossa verdade.

O chão debaixo dos nosso pés se desmanchando e você parado naquela janela achando que o céu sorria para você. Garoto, você às vezes é tão cheio de imaginação. Tanta ilusão, e me faz falta a verdade segurando a minha cintura como foram aqueles dias. Seu olhar está sempre perdido. Você não desisti de ser ele, mas eu já te falei que ser velho não é fácil, e ser velho como ele não é possível. Ele tinha a Linda e você tem uma invenção da sua cabeça.

Perdi todas as minhas palavras naquela mesa e, nesse quarto sinto raiva dessa janela e das suas costas. Se você sair agora, vou ficar vazia como nunca estive antes. Se eu largar essas coisas aqui, talvez nunca mais encontre o caminho de casa. Meus passos trocados com a saudades. Minha cabeça foi para longe, garoto. Meu corpo tenta e eu percebo que não posso. Nenhum esforço move qualquer músculo. Meu cérebro acelerado e os meus olhos só encontram as suas costas. Você acha que o céu te sorri. Você acha que essa cidade te tem nos braços. Você acha tantas mentiras e, não sei porquê não me nota de verdade dentro do seu quarto. No meio da sua vida.

Eu cansei de programar. De procurar coisas que levam mais de um mês. Os meus sonhos estão guardados naquela caixa que eu não abro para ninguém ver. Os sonhos e a promessa que eu fiz. Eu fiz uma promessa muda e eu vou cumprir, é o meu plano para os próximos anos. Pode levar todos os meus anos, mas um dia vou enxergar a vida que Ele roubou nos olhos daquelas crianças. Ela sabe, eu sei, eu sei que ela me ouvia, mesmo que estivesse branca e gelada. E agora, garoto, você fica aí olhando por essa maldita janela se sentindo incompreendido e cheio. Cheio de um sentimento que você se quer provou. Tanta coisa longe do seu raio de visão. Os 180º que esse prédio te permiti enxergar. Tem tudo do outro lado. Vida atrás das suas costas. A minha vida bem aqui parada as suas costas. Mas, você não vai enxergar isso nunca.

Vou levantar e recolher a saudades junto com a minha bolsa ali no canto. Subir a augusta e ter medo dos carros, como quando eu tenho certeza de que ainda não é hora de ir. Hoje, só uma doce ilusão e a certeza de que nada muda enquanto continuar igual.

Say I want your love, don't wanna borrow
Have it today to give back tomorrow
Your love is my love
My love is your love
There's no love for nobody else
(NIna Simone)

4 comentários:

Anônimo disse...

Há! Sou egoísta e roubo todos os seus textos pra mim.

E só sei de uma coisa: a sua habilidade de construir em volta de detalhes, de coisas sutis, é incrível.
Porque, afinal, são dessas pequenas coisas que se formam os momentos que a gente nunca esquece. ADORO.

=*

Yuri Kiddo disse...

gostei da sequência de imagens. Você já parou pra pensar que talvez ele não queira olhar pra trás?

Toad - Matheus H. disse...

Ah a Augusta!
Cenário perfeito para as peripécias e ocorridos da vida da autora!
Bjs!
Toad

Toad - Matheus H. disse...

Ah: http://www.memoriasocial.net/toad/blog_post.html?id=194