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domingo, 24 de fevereiro de 2008

Final inacabado

Ele a olhou, mas ela não respondeu ao seu olhar. Buscava seu toque e não encontrava, o amor tinha ido embora. Era isso.

Fechou os olhos e em sua escuridão tentou buscar um argumento que reatasse o que fora desamarrado, de ter tudo de volta.

Lembrou do dia que se conheceram e da síndrome de gagueira que tinha quando a encontrava e do meio sorriso dela quando estava brava, mas acima de tudo era o beijo que ele lembrava. Ele precisava daquele beijo.

Abriu os olhos e num impulso roubou lhe um, mas não sentiu em seus lábios aquele gosto tão peculiar, um misto de amêndoas, café e ela. Sabia o que estava acontecendo, mas não podia conceber a ausência do amor dela.

Sentia um tremor por todo o corpo, seus músculos estavam se retraindo como que tentando fazê-lo encolher, diminuto até não mais ser. As mãos suadas, como gotas de um suor lacrimoso. E o coração? O que pretendia insistindo daquela forma? Cada batida uma dor diferente, cada compasso uma outra sinfonia decrépita. Era ele, literalmente de corpo e alma, sofrendo a dor que nunca imaginou.

Sem saber mais o que fazer e como quem não quer aceitar o que o destino traçou, ele a pegou pelos ombros e com lágrimas nos olhos deixou seu desespero falar.

- Porque você está me deixando? Eu ainda te amo, não vê isso?

Não posso viver sem você, simplesmente não posso.

E eu me lembro daquele dia no metrô, você me prometeu que nunca me deixaria, nunca! Volta por favor...

Foi um dos monólogos mais triste que as pessoas em volta presenciaram, pois assim como as velas em torno dela, ele também se desfazia só que sem nenhuma chama e no final de nada valeu dizer que a amava, porque ele a olhava, mas ela não o via, falava com ela, mas não tinha respostas e mesmo ao seu lado já não a sentia.

As lágrimas dele caíram no rosto dela, que permanecia imóvel, com uma serenidade perturbadora. Sabia que era a ultima vez que a veria, a devolveu delicadamente sobre o que seria sua cama, dura e fria para sempre. Diferente daquela que dormiam antes, diferente daquilo que planejavam antes.

Antes de tudo, antes daquele dia, antes do amor ir embora.

4 comentários:

Toad - Matheus H. disse...

Como eu já disse, achei esse texto absurdamente triste.
Não sei lidar com essa tristeza!

Yuri Kiddo disse...

é. u.u

Ogami disse...

Nossa Milla!!

Mto mto bom viu!
Gosto cada vez mais do seu estilo triste, melancólico, nice de escrever.
Very good.

E depois, o que aconteceu com ele?

Oras.. escreva mujer!
Vemono-otros
Abraço pro Grande...

Unknown disse...

Simplesmente perfeito!!!!
Doeu ao ler!!!!
;)