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domingo, 1 de junho de 2008

Doce doença para os acolhedores


Naquela garrafinha de água que carrega para cima e para baixo estão as últimas gotas de seu descaso fisiológico. Antro bactericida goela adentro. Ninguém viu, portanto não há nada ali no meio. Com os olhos remelentos e a garganta execrando sons guturais, a vida é animalesca com ou sem a água suja da garrafinha.

A verdade é que não faz muita diferença ouvir a sua mãe e evitar friagens, comer frutas e legumes e não dormir de cabelo molhado. É mais uma balela, porque no fim das contas só parece um comportamento mais simpático, sem lucro comprovado para o suposto beneficiado. A vida pode ser subumana até pra quem se esforça por um mínimo de saúde. São acontecimentos aleatórios.

Ouvi há pouco uma tosse grotesca – que não foi a minha – acompanhada de um extenso lamento de dor. De onde vem tanto sofrimento? Mamãe diria que é conseqüência da falta de brócolis e agasalhos. Eu já sei que a podridão é inerente ao homem e que se revela esporadicamente. O empenho em evitar a coisa ruim não é compensado nem mesmo para os atletas disciplinados, que vivem com os pés, articulações e músculos estropiados.



Ainda existe um movimento meio antiquado e careta dos que tentam enfaticamente se manter bem, entretanto, repare no comportamento da maioria desta “geração saúde”. Não é nada como o maio de 68, mas há uma bandeira levantada por eles com salgadinho, álcool e barrigas de fora no inverno.

Aquela história de preferir a morte à velhice é só mais uma expressão conformista dos remelentos e junkies assumidos. Essa é a época mais propícia do ano para ouvir a marcha escatológica dos que cantam seu hino espirrando maus hábitos.


*desenho de Mr. Esgar, em referência à música do Mudhoney - banda clássica do movimento grunge.

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