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domingo, 1 de junho de 2008

Bright are the stars that shine

Esperaram a vida inteira que tudo se encaixasse, quando de repente o quebra-cabeça acabasse e as mãos se esquentassem no corpo um do outro, acharam tantas vezes que naquele vai e vem jamais seria. Ela teve outros, ele teve outras, mas nada nunca fez parte daquela cumplicidade muda que eles alimentavam e das frases presas, dos assuntos evitados, dos outros esquecidos; viam um ao outro nos olhos respectivos. Esperavam o dia em que se veriam, sempre, naqueles olhos que sorriam para eles. Os olhos calados, fugitivos, sorridentes, cúmplices, rodavam e paravam sem querer sempre nas mesmas palavras.

Cansados das incertezas procuravam sempre aquele lugar comum
que parava os dois, o corpo e
a cabeça um do outro, pareciam que as dúvidas eram
dissolvidas e levadas com a chuva de dias ruins. Já falaram tanto dele, talvez devesse saber, falavam que ele temia todo o desconhecido que ela carregava em enigmas e dúvidas, que a vida certinha dele era feito um castelo de cartas e se aquele alicerce fosse assoprado, o novo o amedontraria. Mas não importava o que fosse dito, para ela, ele seria o seu erro colorido, o seu acerto insistente em fugas infantis.

Imaginavam-se juntos, dias e noites, esquecendo o frio em silêncios e abraços, ouvindo a música que escolheram juntos para ser deles. Se ao menos ela conseguisse guardar as suas dúvidas, admitir um monte de coisas e esquecer outras, se ao menos ela pudesse fazer ele perder a cabeça e imaginar como tudo seria belo.

Mas não precisariam dizer adeus. Os erros escreviam histórias no livro dos acertos. A cada novo você de qualquer um deles, a certeza de que não era ainda, aquela pessoa certa que ele esperava e o erro que ela tanto queria, isso os colocava aos pés da enorme confusão e paz que aquela história escondia. Ele queria o certo, ela preferia o erro, e naquele jogo, ela era a certa e ele o erro, as escolhas, trocadas. Ela daria a ele mais aventura e um beijo no fim da noite fria, ele daria a ela um pouco mais de calma e flores amarelas em dias cinza.


O que esperavam? Nada que pudesse ser assim tão simplesmente explicado em palavras. Não importava como eles distribuíssem os dados, nesse jogo, o acaso resolveria os problemas e os números seriam trocados pela lógica de uma vida complexamente simples.



*imagem - Mário Júnior
http://www.flickr.com/photos/mariogogh/

Um comentário:

Yuri Kiddo disse...

Os dados sempre jogam a favor, senão do jogador, do adversário. Viva o acaso - Então brindaram quebrando as taças.


O que é uma vida complexamente simples?