eu pensei em mil coisas antes de me arriscar nestes riscos. trouxe todo o peso pra cá, mas decidi que faria isso com a maior leveza que conseguisse. há tempos não sei qual a forma de minha letra. a tecnologia moldou meu costume de apenas mandar e-mails, mas aqui onde estou a tecnologia se mantém afastada. tão longe quanto os passos que nos separam, e acredite, é tão maior que meu pensamento.
antes que qualquer outro parágrafo passe por mim sem eu perceber, quero me desculpar pela demora. na verdade, quero me desculpar pelo silêncio. é até engraçado me desculpar por algo tão usual entre nós, mas eu me desculpo por pensar que você se engana quando me acha tão egoísta a ponto de sair assim, sem dizer nada.
então eu resolvi usar estas linhas pra esclarecer algumas coisas. contar outras. nesse tanto de terra, mar e céu, tornei sua lembrança mais próxima de mim. como se eu tentasse, mas não conseguisse pensar em mais ninguém pra começar dizendo o que digo para os que eu deixei. e peço para que compreenda. saí porque foi preciso, deixei tudo pra trás porque a vida me pediu.
outro dia, nas tantas linhas que tracei, cruzei com uma mexicana de olhos pequenos. sorriu pra mim ao dizer que às vezes é preciso estar longe para o lar fazer sentido de novo. ela me mostrava todos aqueles dentes, um sorriso largo que não foi embora junto à sua bicicleta. desde então, guardo tanta coisa do que vejo. uma rua, um olhar... os sorrisos.
o céu às vezes torna-se infindo no horizonte pra me fazer compreender os anos. e eu permaneço aqui, revirando as caixas que guardo em minha casa nova. aliás, você iria adorá-la. quando o sol bate de manhã na sala, eu lembro das vezes em que você aparecia de surpresa. preenchia os cômodos. enchia a varanda de girassóis.
ela não está tão completa com todos os seus toques, mas eu tento fazer algumas coisas como você. e a encho de memórias. afinal, as memórias não podem pertencer a mais ninguém. e eu deixo a estrada me levar. até eu ter a certeza de que o destino se lembre dos caminhos que tracei desde que você tenha se tornado apenas uma memória.
em anexo mando uma foto, um girassol e um abraço.
espero que cheguem inteiros.
domingo, 10 de agosto de 2008
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