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segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Some Changes

Olhava e tentava achar uma ligação, um elo qualquer que conferisse lógica ao que via.

As mãos geladas e os pensamentos desencontrados, o telefone toca, mas não era nada importante, nada que a fizesse sair de si.

Impaciente mexe nos cabelos, olhas suas unhas feitas e pensa como seria não respirar, deixar de ser.

Parada na frente do computador ela conta 1, 2, 3 e mergulha. Uma tentativa de experimentar a ausência do ar nos pulmões e de tudo aquilo que não quer mais. Após 60 segundos o coração acelera, a visão embaralha as letras e numa explosão volta a existir. Abre os olhos e está tudo igual, nada mudou.

Teve sono, mas não dormiu, teve fome, mas não comeu, não quis respirar, mas respirou.

Sempre fazia o oposto do que queria e justamente naquele momento em que queria desistir de tudo, de todos e de si fez o contrário.

Acreditou em si mesma, confiou e foi sincera com os amigos e gostou de tudo o que tinha até então.

No dia seguinte acordou e por instinto odiou sua condição e aquela sensação, mas como todo viciado em reabilitação pensou “Ok um dia por vez” e se levantou, escovou os dentes e tratou de sorrir, dificilmente quebrava promessas.

Estava bem, estava feliz e sorria com sinceridade, mas como qualquer adicto sabia que não há transformação plena sem recaída.

Temia porque o fruto do vício sempre estava nela, estava trancado, mas podia ser solto, pois era preso por engrenagens que ela mesma controlava.

Mas estava indo bem e não tivera nenhum ataque de abstinência.

Sua droga?O pessimismo. Que de tão pessimista que era, acreditava que nunca mais escaparia da jaula da sua dona.

E ela?Ah estava bem e tão otimista que até podia pensar em soltar seu pessimismo, nem que fosse para um passeio e para ajudar a escrever uns textinhos aqui e ali.

3 comentários:

Toad - Matheus H. disse...

Sendo assim, eu acho que o pessimismo pode sim te ajudar.
Fora disso, só te atrapalharia!
Te amo!
Adorei o texto!
Bjs!
Toad

Yuri Kiddo disse...

Pessimismo ou realismo?
As vezes dizem que sou pessimista, retruco com realista. "Mas que realismo cruel". A vida é cruel.

ligiazm disse...

"Teve sono, mas não dormiu, teve fome, mas não comeu, não quis respirar, mas respirou.
Sempre fazia o oposto do que queria e justamente naquele momento em que queria desistir de tudo, de todos e de si fez o contrário."


(Y)