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domingo, 4 de maio de 2008

A um terço do fim

Espremido em mais de três, lancei-me na vontade de resolver tudo o que os meus post-its anunciavam, colados no computador. Dei tantas voltas, que até duvidariam da minha sanidade. Mas eu explico. Penso demais, minha querida.

Penso nas coisas que um dia irão virar pó, e tenho medo se as voltas que dou agora, se estenderão por mais anos. Quantos deles? Até que tudo se resolva, até que meus pés sejam livres pra tocar a terra de um jardim e todas essas preocupações estiverem tão longe dos meus pensamentos. E tão mais perto de todo o caos que aqui espero abandonar.

A vida parece a velha que me sorri com escárnio, no canto da bar, quando se mostra sozinha e infeliz, provando que o batom borrado foi uma frustração de um amor ou um destino cruel a qual escolheu. Ela me aponta. Ri. "Você vai terminar assim, queridinho".

Eu viro o copo, bebo tudo até minha garganta arder. A dor parece menos. Dez. Minutos. Ao menos. Assim me sinto vivo. O cigarro me trouxe todos os clichês em um só trago. Eu sei o que eu peço. Sentir entre minhas pernas aquilo que a distância levou. Ela.

Quando o quarto vazio me faz perceber os espaços em branco, que larguei entre a semana de provas e a ausência dos abraços, eu me atiro na cama. Grito seu nome. Sento. Levanto. Mais um trago. Mais um copo. Todas a lembranças em um olhar vago na parede. A conversa com a Chan Marshall entre os cobertores. Os post-its caem. Eu adormeço. O tempo lá fora corre. Nublado. Eu me calo. Agora em três. Pedaços.

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