Parei diante daquelas cartas, uma aposta tentadora, o mistério atraí quando faz surgir e espanta a curiosidade. Uma mistura de medo em cartas baixas em uma mesa com uma toalha verde. Formaríamos pares ou trincas, seriamos diferentes, teríamos todos o mesmo nipe, não importava a combinação, no fim ganharia aquele que fizesse os outros saírem, convincente o suficiente para blefar em segurança.
A convicção dele era um trunfo, mesmo em jogos nos quais não tivesse aptidão nenhuma, fazia dos sorrisos uma carapuça e tentava, até esquecer qual era de fato a finalidade. Mas naquela mesa, queria ganhar, queria correr os riscos. Suas apostas eram tentadoras e convictas. E os outros iam em impulso. Eu fiquei ali, enfrentando aqueles olhos, que já foram meus e agora procuravam enganar os outros. Alguém colocou aquela música que costumávamos cantar, tudo se repetindo, como nos tempos em que nos encontraríamos. Dessa vez eu controlei meu impulso para te ter dentro dos meus olhos, esperando o meu próximo passo. Você esperava os meus passos, como se naquele jogo inteiro, só os meus importassem. Fugi. Sai do jogo e todos desceram. Sabia, de olhar pra você: era minha hora de me retirar. Você me contou com os olhos sorrindo que ganharia.
Na última vez que discutimos a luz do sol tímido, te falei que estava cansada de te deixar ganhar, que era hora de mudar as coisas e diante de mim, você seria outra vez um sonho.
O que não sabíamos é que nesse jogo ganha quem sonha. Foi assim que desatei todos os nós do meu passado, mesmo que eles parecessem insignificantes, reapareceriam para lembrar qualquer coisa que é melhor guardada. Ainda havia medo de apostar, foi nesse momento que você encostou no meu ombro, eu olhei pra cima e dentro dos seus olhos um convite. Deixamos todos pensando em nipes, cartas, apostas. Ao lado da lua suas mãos encontraram as minhas, diantes um do outro, formamos um par, por fim.
foto:
http://www.flickr.com/photos/ianhickman
domingo, 13 de julho de 2008
all in
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Um comentário:
Será que ganha mesmo quem sonha?
Sonhando não vivemos uma ilusão, nos enganamos? Será?
amo.
=*
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