Várias pessoas que passaram pela minha vida são como as cartas de um baralho, mesmo agrupadas não valem muita coisa. No pife é preciso três trincas para ganhar o jogo, mas muitas vezes ganhar não significa que foi uma bela jogada.
Muitas pessoas que conheci foram descartadas, joguei no monte porque não tinham utilidade, outras eu troquei, só pra fingir novidade, mas não adiantou. Algumas das cartas que tenho só permanecem na mão porque não tive chance de descartar por algo melhor.
Entendam que essa comparação pode parecer fria e arrogante da minha parte, mas sou sincera e não sei ser demagoga, sinto dessa forma. No pife é obrigatório ter nove cartas, na vida não tem número estipulado, mas é de bom senso que não fique sozinho por completo. Regras da vida, regras do jogo.
Fazer um trio de cartas iguais é fácil, difícil mesmo é fazer um jogo na seqüência e ainda bater com as dez. Isso é bonito e vale à pena. Eu estou com um bom jogo atualmente. Tenho cartas na seqüência, que se completam e quando olho para elas eu penso "Porra, se tudo der certo eu ganho esse jogo", mas na verdade eu não quero isso, se eu ganhar, a jogada termina e começa uma nova e com isso mais pessoas, mais naipes sem combinação, mais cartas incompletas.
Eu tenho cartas inúteis, mas compensa ficar com elas do que perder a minha seqüência, porque lembra da obrigatoriedade das nove? Então eu prefiro conviver com os descartáveis a ver as minhas especiais no monte, porque a força do jogo está na união delas e não na individualidade.
A amizade, assim como o pife, é plural. Sem o conjunto são apenas um grande baralho de pessoas descartadas.
domingo, 5 de outubro de 2008
Por um bom jogo
Postado por Milla às 21:28
Marcadores: Milla Pupo
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2 comentários:
Olá minha irmã querida,
Adorei o seu texto e tenho muito orgulho de ti, na minha sequência de cartas, você é uma das mais fortes que jamais descartaria.
Achei o texto bastante apimentado e com uma sintonia perfeita, pois, o solipsismo é o fenômeno mais comum aos nossos dias.
Beijos..
Tato
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