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domingo, 12 de agosto de 2007

Escrito de aspiração

Como quem não possui pretensão alguma, menciono Deus para ateus, carne para vegetarianos, promiscuidade para monógamos e iminência sentimental para apáticos. Espero uma expressão retraída precedendo argumentação consistente, mas vejo a dissimulação habitual de quem já não sabe o porquê de suas convicções.

Fingindo não me importar, desminto a possível relevância do sonho alheio. Espero fúria, contestação e afirmação de ideais impulsionada pelo otimismo latente. Ao contrário, presencio o desmoronamento de quem inventa um objetivo para se iludir que não caminha às cegas, temeroso pelo que vem adiante.

Supondo serem as minhas preferências mais válidas, ridicularizo a restrição feita à arte popular como se fosse a única tangível para toda a sociedade. Não ouço elogio por parte desta que justifique tal exclusividade e, no entanto, nenhuma demonstração de interesse pelo acesso a qualquer outra expressão artística, assim como por sua maior exposição.

Procurando aparentar segurança, questiono o não posicionamento político dos que acompanham escandalosas falhas no sistema vigente. Percebo a indignação calada de quem possui conhecimento histórico, informação aprofundada sobre acontecimentos contemporâneos e nula perspectiva futura.

Forçando um moralismo desqualificado, critico o abuso daqueles que se entorpecem com o intuito de permanecerem distantes daquilo que os desagrada em um triste mecanismo de fuga. Vejo, então, olhares vagos de quem já perdeu o interesse por medidas mais enérgicas e prósperas.

Escuto rumores sobre um império de desanimados da última geração. Ele se alastra e converte os dissidentes encontrados na contra-direção de sua marcha. E, como quem ainda busca estar alheio a tudo isso, vejo alguns que inventam uma força sobrenatural para se manterem firmes na barreira contra a imposição de conformidade que se aproxima.

Com o vigor estampado nas bandeiras desse obstáculo, pressinto o perigo de desistência em massa sucumbir.
E, como quem ainda não havia dado por conta do próprio otimismo, esboço um sorriso aliviado.

3 comentários:

Milla disse...

Deus para Ateus e um conformismo entorpecedor...
Estranho como as coisas caminham e como muitos estão alheios seja por opção ou falta de percepção ao seu redor...
Ces´t la vie?
Prefiro não acreditar nisso..

Ótimo texto Nana e perfeitamente compreensível =]

Ogami disse...

É nana-nina-não-pinga-com-lemão a vida é assim mesmo, cheia de gente com tanto conteúdo como a Contigo.
Cheia de convicções que nem sabem de onde tiraram...
Mas se otimismo é bom, otimismo implica em perspectiva e reflexão, isso denota no mínimo coerência com aquilo, seja lá o que for, que você tem por valores.
E isso, definitivamente é bom...
.
Bom como um quadradinho de chocolate.
See ya.

ligiazm disse...

eu sempre preciso ler seus textos umas duas vezes para entender algo.
e mesmo assim, não consigo absorver nada deles! :P