E aquela maldita inércia preenchendo cada palavra sua. Eu te olhava e via um cara sendo empurrado pela vida. Cada dia, dos quais você reclamava e vivia dizendo que nada acontecia, sendo empurrados. Porque você era acomodado demais para mudar. Não tinha cor nos seus olhos. Você queria ser como o Bukowski. Você queria ser um deles. Só que você não é um deles. Não é agora e não vai ser tão cedo. Garoto, ser velho não é tarefa simples.
E eu ali rindo por dentro. Eu e o meu copo tendo papos agradáveis. Eu podia joga-lo na parede e tirar as coisas do rumo. Podia me jogar de um abismo. Podia ser livre, mas estava ali presa a sua inércia.
Tudo que você falava era no futuro. Como se você não soubesse conjugar as frases no presente. Projeções e palavras. Palavras. Palavras. Garoto, você é um monte delas querendo fazer sentido. Eu não acredito em quem quer fazer sentido. Eu acredito no descontrole. No feeling. Nos gritos. Para me ter em silêncio tem que conquistar e você não tinha esse direito. As suas monossílabas me incomodavam. A sua inércia. O seu perfeito sorriso. Os seus cabelos e tudo que eu queria naquele momento, vinham com a sua insuportável mania de querer atingir a perfeição.
Vem comigo. Larga a mão dessas suas certezas. Esquece os seus sonhos. Sai do seu rumo e vem comigo. Vamos mudar o ritmo das coisas. Mudar o sentido. Tirar tudo que te prende aí dentro dessa inércia. Aquela luz que você acredita estar no fim do túnel pode estar dentro da minha bolsa, garoto.
Mas, não. Você e a sua inércia. Você preferiu caminhar lado a lado com seus fantasmas bêbados. Com seus malditos mortos. Com seus planos para o amanhã. Preferiu continuar onde você sempre esteve. Sozinho. E eu vou sozinha até um pouco mais a frente. Por menos tempo do que você. Sozinha porque assim é melhor, se não posso te ter. Vou esperar você crescer, garoto. Por enquanto te espero na porta daquele bar. Mais umas garrafas e a tentativa de te arrancar daí de dentro.
Esquece. Não vou ficar na frente daquele bar. Vou subir a Augusta em silêncio. Aproveitar da minha companhia. Fugir do seu precipício. Fugir de você e das suas manias irritantes. Dos seus amigos irritantes. Dos seus olhos e das suas palavras irritantes. De você, garoto. Eu queria fugir de você. E esse é um estranho jeito de dizer: eu te amo.
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Due to lack of interest tomorrow is cancelled
Assinar:
Postar comentários (Atom)
5 comentários:
haaa agora sim!!
na primeira inércia eu jah matei. aí no Bukowski eu confirmei!! =)
gostei su. Seu garoto parece o mesmo garoto que a pupo narrou. o que fazia tudo "certo" e morreu arrependido.
Perfeição é muito relativa. Eu posso achar o descontrole e os gritos perfeitos... afinal me tira da tal inércia.
O perfeito é não ser perfeito e nem por isso deixa de ser perfeito.. entendeu??
putz.. até eu me confundi!
texto óóótimo!
beijos Sue
"Vem comigo. Larga a mão dessas suas certezas. Esquece os seus sonhos. Sai do seu rumo e vem comigo. Vamos mudar o ritmo das coisas. Mudar o sentido. Tirar tudo que te prende aí dentro dessa inércia. Aquela luz que você acredita estar no fim do túnel pode estar dentro da minha bolsa, garoto."
eu poderia abrir meu hotmail e enviar isso para alguém AGORA. mas não seria certo comigo, com ele e com tudo.
sabe?! o texto tá lindo, mas o finalzinho superou todos os parágrafos anteriores.
Título sensacional, diga-se.
Agora... coitadinho do ser, poxa!
Pra que fazer ele largar os sonhos?
Deixar as certezas dele pra lá, oras?
Maldade da sua parte. Aliás, se eu fosse o ser, eu revoltaria... "take your fucking light and shove it!"
Mas... acho que ele não teria tamanha atitude.
AMO.
=*
Ele tem medo de atravessar o seu abismo e cair, cair...
"Eu não acredito em quem quer fazer sentido"
kisses³
Postar um comentário