Pensei um dia em começar dizendo sobre o medo que o vento trouxe. E trouxe por eu temê-lo. Já longe do tempo, percebi do que era feito. A verdade era que o vento traz cantiga e não amedronta mais rapaz de idade maior.
Mas ainda assim era pouco pra dizer o que queria. Dividir o tempo não deveria ser complicado e a distância quase sempre atrapalha qualquer contato. Eu só pensava em como a música de passos no asfalto iria cobrir o que deixei mal resolvido, mas a cedilha me distraiu quando se intrometeu na "çaudade".
O assoalho range como se chorasse a falta do completo anterior, e cada passo pode trazer uma nova descoberta no vazio dos cantos. As constelações de nome chamavam por mim sem usar o meu. Só o brilho era capaz de reluzir no vidro o que o sol foi incapaz de aquecer. Só eu conseguia roer as unhas enquanto esperava a ansiedade dar-se por vencida.
E eu insistia em viver as mesmas coisas, construía tudo o que me cabia por ter a mania de sonhar. Me enlouquecia por perceber que era quase tudo em vão, e segurava pra não derramar o que as lágrimas suplicavam. Sentia, mais uma vez, a estranha falta de destruir o que me causava potência.
Então, eu me levantara, errava pelo apartamento com alma de incendiário; infelizmente nunca lhe taquei fogo. Os sonhos acabariam por atrapalhar o que a vida havia reservado pra mim. Mas as respostas demoravam mais do que deveriam. E num súbito momento de apreço e amor pelo que era, dava-me ao luxo de sentir pena por viver assim.
No fim, a idéia fora consumida. No fim, já nem sabia o que dizer. já não procurava o que pudesse fazer sentido. Só esperava. Diante a tanta fumaça e atrás de toda fraqueza. Era fogo e estalo de ossos. Era a utopia garantida na saída mais fácil. Era mentira. A espera do vento para se dissipar e cantar no meu ouvido que... era apenas o começo. A chance nova de falar, não querer.
De forte chama, as estrelas mastigaram minhas preocupações. E lancei a vida num sopro, pra direção qualquer. Feliz com a leiga decisão, decidi não amolar as paredes pela dúvida do meu ser. A dança se estenderá pela sorte de seguir o que o incerto há de propor. Talvez agora um itinerário menos duvidoso. Talvez menos masoquista. Mas apenas talvez.
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Acomodações
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4 comentários:
"E o bruno me mandou um texto fodidamente bonito."
se era a esse texto que a clari se referia, eu concordo plenamente.
tá MUITO foda!
Cremações, fogos e incendiários...
Fujam para os colinas, eu diria.
.
Bom texto, homem que veste a calça xadrez!
Um abraço, vemo-nos em breve ali perto da cremogema...
Deus meu, é um dos melhores que já li aqui no susi!! Ficou muito bom sr. Bruno!
I mean... muito bom mesmo!
=**
gostei. bem concreto e lúcido. Mas deveria ter tacado fogo!! torci por isso mesmo sabendo que não aconteceria.
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