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domingo, 6 de abril de 2008

geek

Fazia sol e ela tinha ido ao parque. A leitura estava quase no fim e queria terminá-la como a personagem, com a cabeça livre dos problemas já resolvidos. Não seria tão simples, pois seus problemas só a deixavam em paz entre a primeira e a última página. Foi ali sentada que, de repente, despretensiosamente, o conheceu, num tropeço.

- Oi, desculpa, tô com pressa... você sabe onde fica a rua Mário Antônio? Não? Me disseram que era por aqui. Aliás, bela camiseta. O que tá escrito? Sweetzerland? Bacana. A praça Marquesa é por aqui? Me disseram que era perto. Minha vó era polonesa, falava algo de alemão. Não, só sei o básico. É, Scheisse e Huresohn. Palavrões? Sério? Desculpa. Que horas são? Acho que tô perdido. Esqueci de oferecer, coca? Dia bonito. Posso sentar? Era, uma entrevista. Designer. De internet, sim. Que rua é aquela? Mas você não é daqui? Presumi, ninguém vem de muito longe para ler no parque. O que é? Eu gosto de Johannes Vermeer. Um romance, sério? A Holanda deve ser fabulosa. Prefiro lírios ... É, vou tentar me encontrar. Um prazer, tchau.




- Oi. Sim, voltei. Sei lá, eu não queria ir embora. Seu sorriso me faz bem.

Ela ainda não sabia, mas seu livro terminaria com os mesmos problemas. No entanto, um final feliz a aguardava.