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domingo, 15 de junho de 2008

Cinzas

Precisava de um inimigo para completar minha vida. Um diferente, cansei de me enfrentar e perder sempre. É isso. Genial! Como não havia pensado nisso antes? Como não havia pensado em preencher essa lacuna odiosa e vazia com inimizades? Sempre quis ser querido, mas isso contradiz com minha natureza solitária e mesquinha. Agora tudo se encaixa em perfeito sentido. Cansei de ser meu próprio inimigo.

Ele é menor e aparentemente mais fraco. O escolhi porque sei que vou perder, mas todos nós perdemos. Sempre perdemos. O aponto para mim e procuro em vão o gatilho. Essa arma não precisa de balas. !FOGO!

Agora ele vai ser meu melhor amigo. Eu ganho todas as batalhas, mas no fim, todos nós sabemos que a guerra é dele. Ele é meu melhor amigo porque sabe a hora de ir embora, e se vai numa fumaça misteriosa, deixando sempre um pouco de si em mim. Ele me salva de mim mesmo.

Me mata aos poucos, mas quem não mata?


Agrada só para não ser sozinho. É tão triste, meu melhor inimigo...
Ele só antecipa meu anseio. No final, somos só cinzas.




Dias vão, dias vem, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração senão eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu
(Zeca Baleiro) - Cigarro





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