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domingo, 15 de junho de 2008

Solto em tarde frívola

Eu comecei isso aqui como uma carta. Eu não sei porque, mas eu acho que se meu inconsciente achasse que isto pudesse ter um destinatário, as coisas seriam melhores.

Enfim. Eu separei os pontos porque eu não sei lidar muito bem com estas situações, e até agora eu penso e repenso em todas as atitudes que me deixa assim, sem conseguir pensar em uma atitude. Daí eu escrevo. Eu só sento aqui e escrevo. Eu poderia estar em uma prisão, subnutrido e tendo que escrever em algum pedaço de papel (?). Higiênico. Isso não te lembra alguma coisa? A mim sim. Mas por mais que a experiência pudesse trazer algum valor pra minha vida. Eu estou aqui. Degradando-a com cigarros e gorduras entre os dedos. Oi.

Então eu páro e tento pensar. E me torno redundante. E preso e calado. Porque pensar não é o esquema. Não agora. E me manter preso, eu já vi que de nada vai adiantar. Eu ando pelo corredor pulando os pisos bicolores. Pulo o preto e piso no branco. Branco... branco... brancobranco. Qualquer futilidade que me faça gastar umas horas. Brinco com a minha falta de responsabilidade em uma ingênua tarde que auxilia a minha personalidade forte de procrastinador crônico por excelência. Já vou! Já vou! Já vou!

Eu faço tudo esperar. Porque quando espero, espero demais. E quando espero demais, me decepciono. Sabe quanta coisa eu já deixei pra trás por esperar demais? Humpf. Nem eu sei, na verdade. Mas eu posso ter uma idéia. Eu posso ter uma idéia assim como as coisas que largo por aí em algum lugar que eu não faço idéia. Mas que, sim, eu tenho uma vaga idéia. De quantas foram. De qualquer forma. Não vem ao caso.

Acho que eu tô eufórico assim porque me bateu uma vontade de mudar o mundo. Haha. Uma historinha: "Era uma vez e eu tive a vontade de mudar o mundo". Poucos anos e um juízo menos. Que o pouco, claro. Tentei e vi que não era nada daquilo. Me deprimi e pronto. Acabou.

Mas não. Não. Eu tenho plenas condições de ao menos pensar que nada é tão mais fácil. As pessoas não são dobráveis, nem têm pensamentos privilegiados. Nem humildade o suficiente para tentar entender certas coisas. Nem vaidade menor que qualquer coisa que tenha um tamanho ridículo de pequeno. Nem idade que prove o quanto a infantilidade permeia em suas atitudes. E não, não sou melhor que ninguém e nem tô generalizando. O pouco por cento que existe e se exclui de tudo isso... é bem pouco. Talvez nem exista. Talvez isso deveria me fazer perder a fé em tudo.

Mas tudo bem. Acho que hoje não. Porque eu me sento ao lado da janela e a tarde de hoje me faz ver que há muito pra ser visto. E há muito pra ser escutado, sentido, cheirado. Bem brega assim mesmo. Acho que tô ficando velho. E em cada detalhe, eu até vejo coisas que valem a pena. Então tá. Tá tudo bem. Tá tudo jóia. Ou quase tudo. Porque a cadeira aqui do lado poderia estar preenchida por alguém. É, sabe? ALGUÉM.



Só porque hoje eu estou realmente a fim de prestar atenção nos detalhes.

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