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domingo, 27 de julho de 2008

decadência

Em busca da imagem que procurava, olhei no espelho. Tinha esquecido há quanto tempo buscava ali o que certamente não encontraria. Só enxergava o reflexo das garrafas jogadas pelo quarto, a cama bagunçada, as cortinas fechadas. Enfim, o buraco em que eu vivia atualmente. A barba por fazer e o cabelo sujo denunciavam o tempo em que estive entregue a nada, nem ninguém. Uma jornada inútil rumo ao esquecimento.

Meu corpo estava molhado, os pesadelos tinham me acordado no meio da noite. Eles gritavam ao meu redor, ainda podia ouvir as vozes vindas de algum lugar dentro da minha cabeça. Eram reais. Minha mente se chocava com o inconsciente em busca de salvação. De algum modo eu buscava esperança e tentava me agarrar a algo sólido. Minha mente estava vazia, nada me segurava, eu caia. O fim do abismo estava próximo. Neste ambiente frio, seco e marcado por uma história infeliz, tudo o que se encontraria seriam desgraças e dores. Na minha cabeça, o desprezo era comandante de um corpo escravo cansado de viver.

A solidão me roubou as chaves da realidade e a consciência me negava a visão futura, um relance da continuação. O culpado pela sobrevivência era o mórbido prazer de planejar o fim. Meu estômago se contorcia com as infinitas possibilidades. Uma ampla gama de variedades para acabar com minha vida.

O ato final do espetáculo da minha vida foi sadicamente planejado. Ironias de um passado frustrante, um presente degradante e um futuro em paz.

_____________________________________________________________ Fim.

2 comentários:

Yuri Kiddo disse...

=0

Muuuito legal!! Gostei bastante!!

Milla disse...

Estranho, mas muito bom =]

Curti Tata.