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domingo, 27 de julho de 2008

Tudo é muito bonito, mas sei lá

O mar estava sem ondas e o sol não estava tão quente. Era um fim de tarde de outono como outro qualquer. Na areia, todo o seu caminho percorrido em pedaços de pegadas que viriam logo se desmanchar entre os grãos, seus cabelos emaranhavam com o vento forte a seu favor. Tudo parecia a seu favor.

Estava diferente, percebendo cores e sorrisos. Se via no espelho d'água tão mais perceptível. Tudo parecia fazer sentido. Serenamente, deitou-se para ver o crepúsculo do sol e descobriu o quanto viver vale a pena. Não se sentia só naquele ocaso, e se sentia. Mais próximo de Deus.

Como as nuvens, seguiu seus passos lentamente de volta, sem mais zigue-zaguear em confusões. Tinha encontrado finalmente a saída do labirinto, a última peça do quebra-cabeça que havia perdido em suas desordens banzeiras.

Ouvindo canções lineares, desfez todo o caminho se jogando na areia, agitou o mar e ofendeu as estrelas ainda novas. Rasgou, mastigou e engoliu a peça que faltava, fechou a porta do labirinto se trancando do lado de dentro e apagou as luzes. Já não era tão belo seu sorriso, mas era muito mais sincero. Tudo é muito bonito, mas sei lá¹.


¹. Título de uma música do M.Takara

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