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domingo, 21 de setembro de 2008

Fugas do presente

De repente tudo se parecia com a imagem daquele livro que acabei de deixar na mesinha. O telefone não tocava. Os meus sonhos não falavam. A vida parecia ter sido esquecida dentro de um buraco muito parecido com o pintado naquela parede. O medo da felicidade tinha me deixado próxima demais desse desenho, desse presente que fingi gostar.

A janela fazia o seu papel. Encostada na parede ao lado dela, com um copo nas mãos e os cabelos presos, observava a rua vazia e a cabeça parecia voltar para aquela imagem que tinha mexido comigo de um jeito incomodo e frio. De repente tudo fazia sentido. Os olhos daquela pessoa enrolada em um plástico ou pano, qualquer coisa estranha demais para ser descrita, era o jeito que me vestia e me cobria do mundo, uma alma transparente. A cadeira vazia era como fugia do que era cômodo. A escrivaninha guardava minha vida em gavetas e portas fechadas, com palavras e fotografias. Só não queria encaixar aquele buraco preto. Não queria comparar nada de mim com aquilo. Muito menos, com aquele desenho.

Queria correr, mas só tinha a janela, talvez fosse impossível.



Só consegui fechar o livro e sorrir. Nada daquilo disse algo que não soubesse... Estava errada e fim.

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