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domingo, 21 de setembro de 2008

Growing Inside

Depois de algum esforço conseguiu abrir os olhos que pareciam colados. Era tudo escuro. O ar estava morno e meio sufocante, só conseguia sentir sua respiração que voltava assim que ele expirava. Alguma coisa envolvia todo seu corpo, como se fosse uma massa que delimitava seus movimentos.

Talvez estivesse sonhando, mas não sabia o contrário de um sonho. Não lembrava de sua vida. Não sabia como era chamado pelos... outros? Será que ele era parte de uma composição de pessoas? Um grupo? Porque estava ali? O que significava aquilo? Ele estava ofegante e o ar ficou mais quente. Sentiu algo descendo pela testa. Estava suando e tentava recordar seu nome, mas não conseguia.

Percebeu que podia mexer os dedos e conforme se movimentava ouviu algo romper, um barulho fino, delicado e de repente sentiu farelos e pequenos pedaços. Um cheiro artificial, que como tudo naquele momento, ele não sabia o que era, parecia areia. Continuou movendo os dedos, pois era só o que conseguia fazer. Depois de um tempo já podia mexer ambas as mãos e tinha um espaço considerável. Tateou o que pôde e tudo ao seu redor era duro e áspero.

Agora já conseguia bater com os punhos fechados, não sabia por que, mas precisava se desvencilhar daquela coisa que o abraçava e o segurava ali. Talvez se lembrasse de quem era ou talvez soubesse que não era ninguém. De alguma forma saberia algo. Continuou.

Ouviu um ruído mais forte, algo estava rachando. Continuou batendo os punhos. O barulho ficou mais intenso, alguma coisa estava sendo destruída. Uma luz mínima amarelada. Socos. Já tinha espaço para mover as pernas. Joelhadas. Chutes. Chutes. Socos. Raiva. Suor. Raiva. Raiva. Raiva. Caiu.

Nasceu. Os olhos tentavam ver além do bege morto de um quarto. A cadeira de criança já não servia e o armário não abria. Estava pelado, mas não tinha frio, na verdade não tinha nada, só as lembranças que estavam surgindo, mas não confortavam nem um pouco.

Lembrou da escolha que mudou sua vida. A rejeição sofrida na infância resultara no recolhimento. Tinha se trancado no quarto. Preferiu ficar entre as paredes e ser criado novamente, até querer nascer de novo. Ser parido por elas. Duras, frias, caladas, mas presentes. Não mais um rejeitado, não mais um qualquer, mas sim um filho das quatro paredes. Enfim alguém.

...schopny růst uvnitř...

Um comentário:

Toad - Matheus H. disse...

Hum...
Introspecção agressiva gerando vida?
Sim, quando ela se vai.