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domingo, 7 de setembro de 2008

No ar

- Vamos comigo!
- Ah não sei, o homem não foi feito para voar.
Ele a olhou pedindo que confiasse e ela foi.



Primeiro foi o medo e a vontade de desistir. Pensou nas pessoas que morreram nessas situações e depois pensou nas que morreram de diversas outras formas. De repente morrer não era mais problema. Morreria um dia de qualquer forma mesmo.

Depois veio a excitação e a vontade que fosse logo porque tinha medo de amarelar e desistir. Ela teve medo e quis recuar, sorria nervosamente, mas não desistiu. Aquelas asas mecânicas a assustavam de certa forma, então ela buscou as mãos dele e conseguiu permanecer ali.

Tudo pronto. Respirou fundo e subiu os dois degraus. Nessa altura se sentia acuada e segurava no que podia para imaginar que estava presa a algo. Do banco da frente ele virou, a olhou e sorriu. Foi aquilo que a manteve ali. Era a segurança que precisava. Ele, do seu lado.

O avião correu pela pista e subiu. Respirou fundo e já não se segurava mais em nada. Estava solta. Olhava ao redor como se fosse cega antes daquilo. Nunca tinha visto a cidade tão pequena. Agora ela o chamava para apontar uma nuvem, um prédio, uma montanha. Não conseguia deixar de sorrir.

Quando voltou para o chão achou que aquela sensação boa iria logo embora, mas não foi. O que sentia estava atrelado à superação do medo e como o amor que sentia por ele ajudou nisso.

Talvez o homem não seja feito para voar literalmente, deve por isso que há aviões e pessoas capazes de fazer as outras saírem do chão, seja em um bimotor ou com um olhar, como ele, que fez as duas coisas.
*Foto dele.

Um comentário:

Toad - Matheus H. disse...
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