O medo a fazia recuar diante do inesperado, de modo que não precisasse lidar com situações em que fosse colocada contra a parede. Relutava em usar a espontaneidade para solucionar seus problemas, suas fórmulas pré-testadas eram garantia de paz. Fugia de ligações e relacionamentos, evitando o que aconteceu da única vez em que entregou sua caixa aos homens, ao homem, a ele.
Seus medos, sofrimentos, alegrias e lembranças. Tudo ali dentro, misturado ao seu caráter e personalidade. Todos os sentimentos que incorporou em sua mente e marcaram seu passado, resultando em presente. Imprudentemente entregue ao cara que havia lhe conquistado o coração e, no entanto, não soube lidar com o conteúdo ali inserido. Menosprezou seu espírito e o desafeto se instalou junto a tudo que havia de bom.
Quando enfim chegou o momento de retomar a caixa, já não havia nada além de medos, desinteresse e apatia. Soterrado pela infelicidade, o amor procurou abrigo fora do coração, escondeu-se entre os sorrisos tímidos, a insegurança e a desgraça da falta de sentimentos, esperando ser resgatado por alguém mais cuidadoso.
A caixa voltaria a ser entregue, mas seu conteúdo jamais seria o mesmo. A ingenuidade havia desaparecido entre as dores do mundo.
e que não me venham falar da dor e de sua beleza. pois só assim a vê, quem não sente. enquanto glorificada desgraça a vida alheia, que teme em sentir a paixão resumida na palavra. pois não há significado para três letras que te tiram a paz. mais triste é aceitar que o resultado da fórmula para evitá-la, a única forma de não sucumbir a dor, seria a esperança esquecida entre os sofrimentos. no entanto, minha fé se faz fraca e talvez o que me mantenha sã seja somente a revolta contra o amor.
segunda-feira, 24 de março de 2008
Pandora
Postado por De Lancret às 03:41
Marcadores: Talita Galli
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Um comentário:
"O medo a fazia recuar diante do inesperado, de modo que não precisasse lidar com situações em que fosse colocada contra a parede."
...talvez alguém que eu conheça...
Mas sabe o que tem na caixa na verdade é sempre seu, ninguém toma. Como tudo muda com o tempo o que tem dentro também deve mudar, seja através da dor ou não.
E a única beleza da dor é poder aprender algo com ela, caso contrário perde a serventia.
ótimo texto Tata
=**
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