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segunda-feira, 24 de março de 2008

Uma praça, uns fantasmas

Não pretendo me alongar, até porque, ontem eu pedi atenção para qualquer deus que estivesse me ouvindo. Eu sentei naquela mesma praça e, às 11 da noite, com meu maço e meu copo, fiz amizade com os fantasmas que passeavam por alí. Ontem, eu lembrei de cada detalhe daquela letra e a traduzi mentalmente, e a cantei repetidas vezes. Eu, meu maço e meu copo.

Descobri o sentido nas frases mais tolas, eu previ as situações mais infantis e nem assim consegui evitá-las. Eu estava longe, talvez eu precisasse estar longe. Assim como qualquer dono de melodia decorada conhece o valor disso. A vida não é filme, assim eu quebro todas as esperanças que um dia nós construímos sob essa razão, assim eu olho pro céu e me surpreendo com a falta de estrelas nessa cidade. Que nem minha é.

Hoje, alguém perguntou por minhas falas, eu disse que resolvi encerrá-las todas com um beijo no lugar do ponto final. Assim eu faço o mundo me entender melhor, assim eu recupero a paciência de todos os dedos que são necessários para conseguir chegar a um objetivo. As pessoas se machucam, as pessoas precisam de panos quentes, as pessoas precisam de descontos e uma mão pra acariciar antes de levar o tapa.

A voz rasgada das minhas cordas continuarão cantando até você entender em qual idioma eu falo, até todo meu vocabulário se esgotar na tentativa de te convencer da minha franqueza. Eu poderia te escrever uma carta, eu poderia compor uma música, eu poderia fazer minha cabeça latejar até eu lembrar de todas as frases que eu pensei e guardei enquanto estive ontem, na praça. Mas agora, eu prefiro acreditar que meu silêncio interrompido pela televisão do cômodo ao lado é apenas uma oração que eu faço. Uma oração suplicando pra que qualquer deus provido de ouvidos, os direcione a mim. Uma oração boba, desejando que os fantasmas possuam um aparelho de telefone móvel e algo tragável entre os dedos.


Meu amém [beijo]

Um comentário:

Anônimo disse...

hermanito, que sabe como essa solidão às vezes é necessária. E como a música, o copo e o maço podem ser companhias deliciosas.

Tarde fria com copos de café, um maço e a Fiona cantando nos nossos ouvidos "adolescentes classe média" [hahahaha, brinks].

Fuma, desgraça [2]

[L]

beijo =*