E foi sem procurar que o achou. Na vida, sempre deu voltas atrás de alguém que a satisfizesse, mas os caminhos a levavam para corpos errados. Ou talvez fosse ela quem os errasse em suas frustradas tentativas de se entregar.
Formulava defeitos, transformava os detalhes em obstáculos na sua vida. E quando, na tentativa de agradá-la, via sentimento demais em relações rasas, encarregava-se de livrá-los de maiores dores futuras, fechando portas e passagens, desfazendo caminhos e apagando sonhos.
Criticava o rumo da sua vida, mas percebia que suas escolhas o faziam assim. Os bloqueios, fugas e traumas eram maneiras de abreviar a história, de fazer valer o pouco antes que o resto estragasse tudo.
De repente ele apareceu e mexeu com suas convicções e planos traçados. E a tortura de ver a ficção se tornar realidade a deixou confusa. Não deveria ser desse modo. Quando finalmente o encontrou, percebeu que preferia o irreal, porque assim dava chances aos errados, enquanto o aguardava. Mas agora tudo havia mudado. Com ele ao seu lado, os errados eram só errados, e as aventuras de sua vida já não faziam mais sentido. O tédio de ter algo que desejou a matava aos poucos. A incessante busca acabou. E agora?
Alguns diziam que bastava ser feliz e aproveitar os tempos bons. Mas não lhe entregaram o manual do perfeito viver. Em sua vida desequilibrada, felicidade não fazia parte do roteiro. E foi procurando acertar os passos, que arruinou tudo. Sua insegurança o abalou, sua falta de perspectiva o fez acreditar que nada era recíproco e, antes que ela pudesse fazer algo, foi ele quem deu o próximo passo e fechou a porta.
De um modo ou de outro, a inconsciente auto-sabotagem havia funcionado novamente.
E com você achei o que procurava. O porto do qual ouvia falar, mas nunca havia achado o caminho; a mão pra me guiar quando não soubesse por onde seguir; lábios para tornar salgado se as lágrimas ousassem cair. Estúpido da minha parte acreditar que tais lágrimas não seriam por você, e que as mãos que precisei, me afastariam do nosso caminho. As ruínas do porto continuam demarcando seu território inexistente em meu peito.
Ass. não mais sua
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