Aquele holofote da última esquina iluminou o outro lado da rua e te deixou no escuro. Melhor aproveitar pra não ser visto e só ficar de olho na ratazana exibicionista que toma o seu palco nesta noite.
Sem a vontade de tomar partidos e curtindo a apatia de quem está convicto e seguro, o gato espera o melhor momento para atacar sua presa. Visualiza de longe e, despreocupado, cria uma estratégia simples. Parece que a situação não demanda muito cuidado, está tudo a mão e o rato nem imagina que há alguém mal intencionado prestando atenção em cada passo que ele dá.
Os animais estão quase sempre pateticamente desprotegidos dos perigos que já conhecem. Eles sabem o que pode acontecer em cada situação a que se expõem, mas mesmo assim o fazem por achar que vale tentar a sorte. Uma armadilha ou qualquer descuido já devolvem esse mortal pro seu estado de neurose e zelo ostensivo.
A ratazana continua seu curso notando os olhos que a seguem. A falta de iluminação pode ter motivado o gato a calcular seu ataque negligenciando a capacidade de defesa do outro, principalmente pelas condições adversas em que ele se encontrava. Bicho esperto, trapaceiro, covarde. Já foi descoberto, mas ainda se finge oculto.
O plano não teve razões para ser abortado, mas por algum motivo ele não avança. Não é medo, é só alguma insegurança de se aproximar e ver que a agressão não compensa. Para o outro lado que pressente a desistência é um tanto mais desmotivador por não valer a tentativa.
À ratazana só resta atiçar como justificativa para sua vigília.
domingo, 18 de maio de 2008
Tom e Jerry
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