Se escondeu entre os lençóis como se aquele fosse o último dia, o dia do julgamento final, no qual precisasse apresentar todos os seus pecados à comissão julgadora do paraíso. A última noite não tinha sido um exemplo de boa conduta. Após algumas doses de vodka, muita música alta, luzes, carros, pessoas ... bom, depois disso tudo já não se lembrava de muitas coisas. As imagens se dispersavam em sua mente, sem ponto de congruência, sem ligação, sem esclarecimentos. E, de repente, a lembrança surgiu, ele.
Foi ele quem a mandou parar de beber, quem a buscou na pista quando todos desapareceram, quem a levou para casa, a colocou na cama e com um beijo se despediu. Um beijo, um esperado primeiro beijo, que ela, infelizmente, estava bêbada demais para comemorar ou retribuir. Maldição.
Levantou num piscar de olhos, colocou a primeira roupa que achou no armário. Se olhou no espelho e achou a combinação entre verde e laranja humilhante demais, trocou tudo pelo preto básico que realçava ainda mais suas olheiras. Não havia tempo para maquiagem, ela sabia que ele viajaria nas próximas horas, voltaria para o interior. Tênis, iogurte, cadê as chaves do carro? Ele ficou com o carro, corra.
Um metro e dois quarteirões depois e ela estava frente a frente com ele. Não esperava encontrá-lo colocando o lixo para fora, de bermuda e chinelo.
- Oi. É, to melhor sim. Viu, obrigada por ontem, nem tive tempo de agradecer. Agradeci? Não! Foi você quem me beijou. Como assim? Tem certeza? Me desculpa. Gostou? É, eu também. Sabe, não queria que fosse naquela situação, mas... é que eu gosto de você, me sinto bem com você. Juro, é sério! Ué, mas porque não me disse antes? Porque não tomou uma atitude? Pfff, coragem? Não vem com essa, todos usam a mesma desculpa. Claro, fiquei decepcionada. Como assim consertar?
Um não esperado segundo beijo.
domingo, 29 de junho de 2008
Do 1º ao 2º
Postado por De Lancret às 10:46
Marcadores: Talita Galli
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